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Taubaté: professora cega conta como a tecnologia ajuda na educação inclusiva

Professora Luciane Maria Molina Barbosa. (Foto: Divulgação/Unitau)

Em 2017, a passou a fazer parte do time de docentes da Universidade de Taubaté (UNITAU). Tutora de 13 cursos de licenciatura na modalidade EAD, Luciane é a primeira professora com deficiência visual da Instituição.

A professora nasceu com baixa visão e foi alfabetizada usando recurso de letras ampliadas, até que, aos 13 anos, sua visão piorou e ela precisou aprender pelo sistema Braille. Na época, a família teve muitas dificuldades para achar professores atuantes na área de educação inclusiva. Após muita procura, encontraram uma professora, a única da região, que a ajudou a completar os estudos.

Formada em Pedagogia pela Organização Guará de Ensino (OGE), fez vários cursos de especialização em educação especial e inclusiva e, em 2002, começou a dar aulas de Braille para adultos cegos.

Em 2007, passou a trabalhar com educação a distância e com formação de professores no ramo de educação especial, usando ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle. Além disso, a professora Luciane também é Braillista, ou seja, tem conhecimento técnico sobre as várias aplicações do sistema Braille e sobre transcrição de textos, além de trabalhar como consultora em áudio-descrição, um serviço de tecnologia assistiva que narra situações imagéticas para pessoas com deficiência visual.

Além da atuação na área de educação, a professora foi presidente do Conselho Municipal de Pessoa com Deficiência de Caraguatatuba e integrou a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso desse mesmo município de 2014 até 2016.

Hoje, Luciane é aluna do programa de Pós-Graduação em Educação e Desenvolvimento Humano da UNITAU. Em fevereiro, ela finaliza o mestrado e sua dissertação é sobre educação inclusiva.

Segundo a professora, a educação a escolheu, porque ela percebeu que muitas pessoas deficientes visuais não tinham a oportunidade de aprendizado pela falta de professores com especialização na área. “Foi pensando em ampliar essas oportunidades para outras pessoas que, assim como eu, necessitam de um ensino mais especializado, de alguém que investisse na educação inclusiva, que eu busquei incansavelmente adentrar à área da educação e poder levar acolhimento, acessibilidade e oportunidades para todos,” conta ela.

Quando entrou no Ensino Superior, no início dos anos 2000, Luciane relembra que a falta de tecnologia disponível era um obstáculo. Ela só conseguiu frequentar o curso com a ajuda da mãe. “Mesmo formada em educação artística e estar lecionando há quase 20 anos naquela época, ela se matriculou no curso e me acompanhou em todos os dias de aula. Ela ditava a matéria do quadro para que eu escrevesse em Braille e era minha escriba nas provas bimestrais. Também gravava em áudio os livros e apostilas”, conta. Além da mãe, Luciane também tinha colegas de curso que a ajudavam com suporte necessário nas disciplinas.

Hoje em dia, Luciane é independente para a maioria das coisas, graças à evolução da tecnologia de acessibilidade. Com aplicativos que, por meio da áudio-descrição, permitem o reconhecimento de cédulas, cores, leitura de textos impressos, conversão de texto em voz, descrição de cenas e rostos, a professora conquistou independência. “Os aplicativos para celular surgiram no meu percurso em 2011, quando peguei na mão um tablet de uma tia paterna com o recurso de acessibilidade ativado. Senti que os meus dedos poderiam enxergar tudo o que eu quisesse,” disse.

Além da presença fundamental da tecnologia no dia a dia, a professora disse que a parceria de colegas e familiares também a ajuda muito a ultrapassar as barreiras de acessibilidade do cotidiano.

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