Opinião: “Khalo quando não me veem” derrama lágrimas e levanta a auto-estima

Dançarinos no palco do Teatro Galpão em Pindamonhangaba. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Uma obra para apreciar, para sentir e para chorar! Emoção, tristeza, dor. Sentimentos a flor da pele. Olhos e ouvidos bombardeados com a sincronia perfeita de duas pessoas no palco, duas histórias usando como base, uma outra, a da artista mexicana Frida Khalo.

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“Khalo quando não me veem”. Por si só, o nome do projeto já nos faz pensar, mas assisti-lo, aí é outra história.  Gabriela Carvalho, de 33 anos, é uma bailarina cadeirante com paralisia cerebral. Mateus Vasconcelos é um bailarino e coreógrafo que largou uma companhia de dança e passou a dedicar-se a dança com cadeirantes. Ela, era uma jovem obesa, sem muitas ambições. Ele queria outros desafios, outros caminhos. Encontraram-se na dança e na vida há três anos. Desde lá, uma nova história é contada a cada apresentação. Isso poderia ser a sinopse do espetáculo, mas não é, é um relato breve da vida de Mateus e Gabi.

Cadeiras de roda em destaque no espetáculo. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Neste sábado (24), os dois estiveram no palco do Teatro Galpão em Pindamonhangaba para mais uma apresentação e segundo eles, seria a última desta primeira temporada da peça contemplada pelo PROAC (Programa de Ação Cultural) de incentivo à Cultura no Estado de São Paulo. Seria, pois depois de uma noite emocionante, produtores e atores, com certeza, irão repensar sobre a continuidade do espetáculo.

No palco, as primeiras cenas são tristes. E depois, também são tristes. Há dor, há desespero. Há uma vontade de mostrar ao mundo que todos somos iguais. Acessibilidade e igualdade. Mostrado, contado, sentido! A dança, a sincronia e o improviso, impressiona. Movimentos, movimentos!

A cadeira de rodas tem um papel de destaque no espetáculo. “Eu pensava que a cadeira de rodas era a minha prisão, mas não, depois eu notei que ela era a minha liberdade. Com ela eu poderia ir muito mais longe”, afirma Gabi durante bate-papo com o público.

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Participam do público durante o espetáculo. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Não há risos. Há emoção. Choramos, porque faz parte, porque nos toca. O sentimento aflora de ver e sentir aquilo que lá fora, muitas vezes vemos, mas não enxergamos, não sentimos e não ajudamos. A participação do público é um momento especial. Todos iguais pelo menos ali, naquele momento, naquele rito.

As manobras. A cadeira de rodas que se quebrou. Os gritos. A dança. No fim, tudo se junta e nos vemos fazendo uma auto-crítica e nos analisando sobre o que e como vemos o mundo das pessoas Especiais, das suas necessidades e daquilo que eles sentem e necessitam.

Um banho de tinta. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Mas antes de terminar, o banho. Sim, um banho de tinta, para pintar, para retratar momentos de Frida, mas principalmente, para lavar a alma da dupla de bailarinos. É o apagar das luzes. Momentos de dever cumprido e de receber aquilo que o artista mais espera: aplausos e o carinho do público. Bravo!

Mateus emocionado ao fim do espetáculo. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

E quando tudo parecia ter chegado ao fim, eis que aparecem os comentários, os elogios e as perguntas sobre o trabalho. Mais emoção e lágrimas.

E foi assim. Hora dar dar um até breve aos dois, as suas histórias, a Frida e ir embora com os olhos vermelhos pelas lágrimas que por lá foram derramadas. Obrigado!

A dançarina cadeirante Gabi. (Foto: Luis Claudio Antunes/PortalR3)

Quem ainda não teve a oportunidade de assistir a dupla em ação, terá mais uma chance. Eles irão fazer uma apresentação solidária no Teatro de Ubatuba. Sigam eles no fb/kahloquandonaomeveem

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