Quando ela parte, é apenas uma kombi branca circulando pelas ruas de Jacareí. Mas quando chega ao seu destino (sempre em um bairro distante), o que era apenas uma kombi se transforma num ateliê de artes visuais.
Assim que o veículo estaciona, a porta lateral se abre e surgem um toldo, duas maletas que logo se convertem em mesas dobráveis e, pelo menos, mais uma dúzia de cadeiras. Surgem ainda materiais como tintas, pincéis, tesouras, pranchetas e papéis que são retirados de vários compartimentos, onde se encontram devidamente organizados.
Em poucos minutos está montado o Ateliê Móvel de Artes Visuais, projeto beneficiado pela LIC (Lei de Incentivo à Cultura) da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu, com apoio da empresa Fibria. A iniciativa é do arquiteto e artista plástico Amilton Damas, e consiste em oferecer aos moradores de bairros distantes da cidade oficinas e workshop sobre serigrafia, gravura, desenho e pintura. “É uma oportunidade de despertar o interesse pelas artes visuais. Muitas vezes, em iniciativas como esta, surgem grandes talentos”, aposta Damas.
Para colocar o projeto em prática, Damas se uniu a outros artistas. Os arteeducadores Thiago Miragaia Vieira e Djalma Benedito de Toledo são os responsáveis pelos workshops de serigrafia (silk-screen). “Nossa proposta é estimular o processo criativo e revelar, além do uso mecânico em escala industrial, as possibilidades de uso manual dessa técnica de impressão que pode ser utilizada em vários materiais (papel, plástico, madeira, vidro, tecido, etc.)”, explica Toledo.
Além da parte prática, o workshop oferece a parte teórica, que inclui informações sobre a serigrafia e também referências de artistas que se tornaram ícones da pop-art ao utilizar essa técnica, como o norte-americano Andy Warhol. “Vamos contextualizar a vida e obra do artista, com o objetivo de ampliar essa referência, já que ele utilizava a serigrafia para produzir a sua arte”, reforça Vieira. Warhol se destacou ao retratar a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como as garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro, entre outros.
Segundo Damas, o motivo para a escolha de uma kombi é porque representa “autonomia”, já que permite ao grupo de artistas se deslocar aos bairros mais distantes. “Não precisamos ficar preocupados em conseguir um espaço que ofereça infraestrutura para se montar um ateliê de artes visuais e levá-lo onde as pessoas têm mais dificuldades de acesso”, comenta Amilton.
A kombi é alugada e foi totalmente adaptada para atender às necessidades do ateliê móvel. “Tudo foi planejado com muito cuidado. O Amilton pensou cada detalhe, desde os compartimentos para guardar os materiais até um pequeno reservatório de água. Com o projeto pronto, ele procurou um marceneiro para a adaptação”, atesta a produtora Van Chelucci.
Projeto chega aos bairros 22 de Abril e Vila Garcia
Durante este mês, o projeto Ateliê Móvel chega aos bairros 22 de Abril, Cepinho e Vila Garcia, com oficinas gratuitas de gravura, desenho e pintura. Para participar é preciso ter idade acima de 7 anos.
A programação segue até outubro e inclui ainda outros bairros como Jardim Maria Amélia, Bandeira Branca e Jardim das Indústrias, Jardim Luiza, Parque dos Príncipes e Parque Meia-Lua, entre outros locais.
Programação de julho
8/7, 8h às 11h — Oficina de Gravura e Desenho – 22 de Abril (rua Primeiro de Julho)
11/7, 9h às 13h — Oficina de Pintura – Cepinho (estrada Julio de Carvalho)
15/7, 8h30 às 11h30 — Oficina de Gravura e Desenho – 22 de Abril (rua Primeiro de Julho)
20/7, 8h30 às 11h — Oficina de Gravura e Desenho – Vila Garcia (rua Rafael Sola Sanches)
22/7, 8h30 às 11h30 — Oficina de Gravura e Desenho – 22 de Abril (rua Primeiro de Julho)
25/7, 9h às 13h — Oficina de Pintura – Cepinho (estrada Júlio de Carvalho)
27/7, 8h30 às 11h — Oficina de Gravura e Desenho – Vila Garcia (rua Rafael Sola Sanches)
29/7, 8h30 às 11h30 — Oficina de Gravura e Desenho – 22 de Abril (rua Primeiro de Julho)
