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Brasileiros começam a deixar o Nepal após terremotos

Dois terremotos, um no sábado e um no domingo, devastaram a capital do Nepal, Katmandu, e fizeram vítimas também na Índia e na China. (Foto: Abir Abdullah/EPA/Agência Lusa)
Dois terremotos, um no sábado e um no domingo, devastaram a capital do Nepal, Katmandu, e fizeram vítimas também na Índia e na China. (Foto: Abir Abdullah/EPA/Agência Lusa)

Apesar do tumulto e do congestionamento de voos, o aeroporto de Katmandu, capital do Nepal, voltou a funcionar e os brasileiros que estão no país começam a voltar ao país nos próximos dias, após os terremotos que ocorreram no Nepal. A Agência Brasil conversou com o brasileiro Silvio Aparecido Pereira da Silva, que mora no país asiático.

Ele explicou que está com um grupo de 32 brasileiros em Katmandu, em contato com a embaixada brasileira, mas disse que existem brasileiros em outras localidades. Do grupo, terão prioridade de embarque para deixar o país uma família com um bebê de 12 dias, uma mãe com duas crianças pequenas, de 2 e 4 anos, e algumas pessoas mais idosas.

“Estivemos na embaixada e a equipe estava tentando informar o Itamaraty sobre os brasileiros mas não tinha internet. A comunicação está difícil mas estamos sendo bem atendidos, na medida do possível”, disse Silvio.

Segundo ele, apesar do clima de destruição, a cidade e o povo nepalês estão aparentemente calmos. “As lojas estão fechadas, os serviços estão precários, em alguns momentos eles funcionam, não tem energia elétrica. Ontem ela [a energia] voltou por um tempo e depois caiu. Há falta de água. A escola onde estamos acampados têm duas quadras, cedemos uma para a comunidade e na outra estamos com mais de 200 crianças. Ganhamos um cabrito hoje de alguns hindus para poder comer”, contou Silvio.

Ele e a esposa trabalham com as organizações não governamentais Missão Cristã Mundial e Mobilização Mundial, em uma casa de acolhimento para crianças traficadas no Nepal. A escola da organização também atende crianças da comunidade. Segundo Silvio, a estrutura de atendimento do governo nepalês é muito ruim. “O governo é ineficiente e precário, nessa situação eles têm boa vontade mas não tem estrutura. Se eles conseguirem reestabelecer água, energia e desbloquear as estradas já vai ser ótimo”.

Silvio mora no Nepal com a esposa Rose e os dois filhos e, segundo ele, vão ficar para continuar a ajudar o povo nepalês na reconstrução do país. “Minha filha de 9 anos, que é nepalesa, está muito assustada, mas eles [os filhos] querem ficar mesmo com medo. O terremoto foi terrível, a lembrança é terrível”, disse.

Foram dois terremotos, um no sábado (25) de magnitude 7,8 na escala de Richter, e outro ontem (26) de magnitude 6,7. Os abalos provocaram a morte de mais de 3,2 mil pessoas, até o momento, segundo a Organização das Nações Unidas. De acordo com Silvio, além dos dois tremores principais, dezenas de réplicas do terremoto foram sentidas até duas horas depois dos primeiros episódios. “É assustador, durante a noite ainda sentimos tremores leves. Uma pessoa fica de vigília com um sino, para tocar se houver um tremor mais forte durante a madrugada. Mas hoje senti que eles diminuíram. A minha impressão é que o pior já passou”, relatou o missionário.

Durante o primeiro terremoto, no sábado, Silvio conta que só conseguiu reunir sua família após três horas. “Minha esposa estava em casa, eu estava com meus filhos dirigindo para a igreja e o chão começou a tremer, foi assustador. As crianças na escola disseram que o prédio mexia como se fosse gelatina e, mesmo com treinamento que elas recebem, desceram desesperadas pelas escadas. Fui passando por lugares desmoronados, com as pessoas andando pelas ruas; abriram rachaduras nas estradas. Várias de nossas crianças perderam parentes. Conseguimos reunir a nossa família três horas depois, foi assustador”.

O missionário explicou que, apesar das diferenças religiosas no país, que tem grupos hindus, budistas e cristão, há muita solidariedade. “Ontem os hindus aceitaram comer conosco, nos doaram o cabrito, as pessoas estão se ajudando, pessoas de castas [níveis sociais] diferentes ajudando uns aos outros. Apesar da tragédia, há solidariedade. E quero tranquilizar as pessoas no Brasil, diga que estamos bem”, finalizou.

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