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Oficina Cultural leva arte das ‘Paulistinhas’ a Caraguatatuba

Do final do século 18 até o início do século 20, o Vale do Paraíba foi referência em um estilo rudimentar e peculiar de arte sacra que marcou época no país. (Foto: Divulgação)
Do final do século 18 até o início do século 20, o Vale do Paraíba foi referência em um estilo rudimentar e peculiar de arte sacra que marcou época no país. (Foto: Divulgação)

Do final do século 18 até o início do século 20, o Vale do Paraíba foi referência em um estilo rudimentar e peculiar de arte sacra que marcou época no país. Batizado de Paulistinhas, o gênero é uma apropriação valeparaibana de elementos marcantes das esculturas populares portuguesas.

As nuances históricas e estéticas deste importante período para a arte da região são tema da atividade “Paulistinhas: Um Elo Entre o Vale do Paraíba e Portugal”.

Coordenada pelo mestre de cultura popular Magela Borbagatto e promovida pela Oficina Cultural Altino Bondesan, a atividade acontece neste sábado (18) em Caraguatatuba. O evento será realizado das 14h às 18h na FUNDACC (Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba).

Paulistinhas

As Paulistinhas, pequenas imagens sacras feitas de barro, seguiram, durante séculos, como companheiras nas preces do caboclo valeparaibano em suas agruras diárias. Mesmo assim, por pouco estas figuras e suas técnicas de confecção não caíram no completo esquecimento. O tesouro artístico de amplo valor histórico foi resgatado pelo trabalho de pesquisa que Borbagatto vem desenvolvendo há cerca de 20 anos.

De acordo com o artista, as peças contam com alguns elementos em comum que facilitam o seu reconhecimento. Diferente das rebuscadas imagens barrocas da época – provenientes da então rica e letrada Minas Gerais –, as Paulistinhas eram peças desenvolvidas basicamente para os pobres. Sua matéria-prima é o barro, muito mais acessível do que a madeira, onde os artistas barrocos talhavam suas obras. Os poucos adornos, a economia nas cores e o fato de serem ocas por dentro são outras características fundamentais nas imagens.

Em seu trabalho de redescobrimento e preservação desta arte, Magela Borbagatto encontrou um inconteste laço de identidade entre as peças confeccionadas no Vale do Paraíba e aquelas feitas na cidade portuguesa de Estremoz. A famosa região lusitana de artesãos do barro (cuja arte está prestes a ser declarada patrimônio cultural imaterial pela Unesco) traz, em suas obras, os mesmíssimos elementos encontrados nas figuras confeccionadas em nossa região.

“As figuras daqui utilizam-se das referências portuguesas com uma tecnologia do Vale do Paraíba. Possuem em comum o formato icônico, a figura modelada em cima de uma base em formato de saia ou facetada, são ocas até a altura da cabeça e de uso popular e doméstico”, comenta.

Origens

De acordo com o artista, há divergências sobre as origens da arte Paulistinha no Vale. O mais provável é que o estilo tenha sido trazido por um artesão militar português, natural de Estremoz, que aportou no Brasil em 1773 junto com seu batalhão para guerrear no Rio Grande do Sul. Terminado o confronto, ele teria vindo, em companhia de outros militares, para o Vale do Paraíba, onde instalou-se e passou a produzir seus materiais.

Outra teoria, menos aceita, é de que um serviçal jesuíta da época dedicou-se a difundir as técnicas enquanto esteve na região. O fato é que, de um jeito ou de outro, o estilo prosperou nas cidades de Taubaté e Guaratinguetá, disseminando-se, mais tarde, para o restante do Vale do Paraíba.

Tesouro preservado

O curso ministrado por Borbagatto estabelece esta relação entre as peças brasileiras e as portuguesas, além de proporcionar aos participantes a prática da modelagem em argila nos mesmos moldes das técnicas utilizadas na época. Promovendo essa experiência, o artista tem se empenhado num trabalho de preservação histórica fundamental para manter viva a memória deste que é um dos principais períodos da arte popular valeparaibana.

“Apesar da importância histórica, a arte Paulistinha é pouquíssimo conhecida aqui no Vale. Durante as atividades, traço esse paralelo com a arte sacra portuguesa, além de abordar os motivos que tornam este período tão rico e importante para a produção artística da nossa região”, explica.

Após séculos de prosperidade no Vale do Paraíba, o ciclo das Paulistinhas começou a terminar a partir do início do século 20, quando as figuras de gesso, baseadas em técnicas italianas, ganharam espaço. Atualmente, Magela compõe um time de pouquíssimos artistas que ainda preservam a técnica.

“Paulistinhas: um elo entre o Vale do Paraíba e Portugal”

Quando: sábado (18)

Onde: FUNDACC – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba – Rua Santa Cruz , 396 – Centro

Horário: das 14h às 18h

Valor: gratuito

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