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Blocos de rua do Rio buscam o financiamento coletivo para desfilar

Orquestra Voadora também aposta no financiamento coletivo. (Foto: Orquestra Voadora / Divulgação)
Orquestra Voadora também aposta no financiamento coletivo. (Foto: Orquestra Voadora / Divulgação)
Sem dinheiro, os blocos de rua do Rio de Janeiro apelam à criatividade para conseguir desfilar no carnaval de rua de 2016. De acordo com diretores e produtores de blocos, o problema financeiro é uma questão delicada a ser resolvida a cada ano, por isso eles procuram alternativas como o financiamento coletivo, a arrecadação por meio de shows e o patrocínio de empresas privadas.

Para a produtora do bloco Toca Rauuul, Elsa Costa, o poder público precisa entender que os blocos de rua são uma atração do carnaval. Ela cobrou um acompanhamento, por parte do poder público, na mobilização dos blocos para arrecadar dinheiro para o desfile. Segundo a Empresa de Turismo do Município do Rio, a cidade arrecadou US$ 782 milhões em 2015, enquanto no carnaval de 2014 foram US$ 734 milhões. Além disso, quase um milhão de turistas visitam a cidade a cada ano para aproveitar a folia.

Elsa disse que é preciso dar apoio ao artista responsável pela festa, além da estrutura de banheiros químicos, grades, segurança e postos médicos fornecidos pela prefeitura. “Se a gente é atração e traz público para a cidade, o ideal é que a gente não tivesse que tirar do bolso para fazer, que é isso que acontece. A gente não quer ganhar dinheiro com isso, mas não é justo que a gente pague para fazer. O que está acontecendo é que os blocos estão pagando para desfilar”, criticou.

Segundo o sócio-fundador do Toca Rauuul, Emílio Rangel, a realidade financeira da agremiação é de uma promessa de patrocínio de uma empresa de bebidas, por meio da lei de incentivo, mas que não cobre nem um terço da verba necessária. Os gastos são, basicamente, em estrutura de palco e som para atender ao público de 20 mil foliões. Somados aos gastos com segurança e pessoal de montagem de som e palco, o total é estimado em R$ 50 mil.

Rangel afirmou que cada ano é uma história diferente para conseguir colocar o bloco na rua. Faltando menos de dois meses para o carnaval, o Toca Rauuul vive um momento de incerteza sobre como será o carnaval de 2016. “A gente não tem dinheiro para botar o carnaval na rua. A verdade é essa. A gente rebola, faz o que dá a cada ano. Como o carnaval é feito de suor, a gente vai lutar até o último momento para colocar o Toca Rauuul no carnaval de 2016. A gente não trata ficar de fora do carnaval de 2016 como uma possibilidade”, esclareceu.

Em 2012, o Toca Rauuul apostou no crowdfunding (uma forma de financiamento coletivo) para arrecadar fundos destinados ao primeiro ano de carnaval. A meta de R$ 15 mil foi atingida. Agora, o bloco Orquestra Voadora aposta no financiamento coletivo para pagar parte das despesas que tem com o carnaval de rua. Apesar da meta no crowdfunding do Orquestra Voadora ser R$ 25 mil, o custo para o carnaval de 2016 será acima de R$ 50 mil.

Com uma equipe de 500 pessoas por trás do bloco, os integrantes do Orquestra Voadora têm trabalhado firme para conseguir proporcionar a festa para um público estimado em 10 mil foliões. A produtora da Orquestra Voadora, Michelle Murriêta, espera um desfile feito por muitos e para todos na apresentação do carnaval de 2016. “Alegre, pacífico, seguro e com muita música boa”, destacou.

Outro bloco que aposta no financiamento coletivo é o Dinossauros Nacionais. No quarto ano de apresentação pública, o crowdfunding é para custear a estrutura de som do bloco. De acordo com o diretor do bloco, Marcos Chehab, em função do aumento de público, o gasto para o carnaval do próximo ano será maior para oferecer som de maior qualidade ao público estimado de 10 mil pessoas.

“O problema dos Dinossauros Nacionais é a falta de dinheiro porque o carnaval está cada vez mais caro e, infelizmente, a gente tem perdido, gradativamente, os apoios financeiros.” Chehab admitiu que caso a meta de R$ 8.621 não seja atingida, o bloco vai estudar a possibilidade de diminuir a estrutura de som disponível.

De acordo com a presidente da rede de blocos Coreto, Cristina Couri, as campanhas de financiamento coletivo são práticas cada vez mais comuns entre as agremiações carnavalescas. Ela disse que os blocos têm trabalhado na redução de gastos para poder garantir a presença no carnaval de rua. Neste sentido, dois blocos do Coreto, Dinossauros Nacionais e o Brasília Amarela, vão dividir a estrutura de som montada no Largo de São Francisco, no centro da cidade, nas apresentações do carnaval do ano que vem.

“Nós somos uma rede de troca de informações, contatos e parcerias. Não é uma rede voltada especificamente na captação de patrocínio. A gente acredita que com esta troca de informações nós vamos conseguir melhorar as estruturas e o carnaval para todos. São parcerias que parecem pequenas, mas que fazem muita diferença. Neste momento, tem sido muito importante a rede de blocos para a redução de custos.”

Cristina, que também está a frente do bloco Desliga da Justiça, relatou um outro problema na arrecadação de verbas para custear a apresentação do Desliga para, pelo menos, 5 mil foliões. Segundo ela, os integrantes do bloco estão contribuindo menos para ajudar a custear as despesas da agremiação. “Por exemplo, nesta época no ano passado, 80% das pessoas que tocam na bateria tinham pago. Neste ano, menos da metade das pessoas pagou”.

Procurada, a Riotur não respondeu se vai aumentar o apoio aos blocos de rua, nem quanto dinheiro da prefeitura será destinada para o carnaval de rua de 2016.

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