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Dez anos do site www.falandodetrova.com.br

O texto abaixo foi publicado no blog do Magnífico Trovador Pedro Mello, a quem muito agradeço. Mas não acreditem em tudo que ele escreveu. Pedro é um magnífico amigo e, como tal, exagerado. Como diria aquele personagem da Escolinha do Professor Raimundo: “Nem tanto, mestre, nem tanto!”

Tela inicial do site Falando de Trova. (Foto: reprodução)
Tela inicial do site Falando de Trova. (Foto: reprodução)

Dez anos do site www.falandodetrova.com.br
Acredito que alguns de meus leitores (costumeiros ou eventuais) ligados ao movimento da trova e cientes de minha amizade com José Ouverney poderão cair na tentação de debitar este artigo na amizade que tenho com o ilustre vate de Pindamonhangaba.

Ledo engano, entretanto.
Não misturo as estações. Não escrevo por causa da amizade, com a intenção de “rasgar seda”. Se eu não pensasse o que penso e não tivesse razões sólidas para isso, ficar em silêncio seria muito melhor, pois o silêncio é uma zona de conforto imbatível. Disse certa vez um filósofo da Antiguidade que um tolo calado passa por sábio. (Está lá, na Bíblia, no livro dos Provérbios, de Salomão).
Mas eu não sei ficar em silêncio.

Há 10 anos o site está no ar, prestando um serviço inestimável ao movimento da trova.
Penso num distante 1956. Para quem lê meu site e não sabe a que me refiro, contextualizo brevemente.
Era uma vez um dentista da Aeronáutica, chamado Gilson de Castro, mas que assinava com o nome literário de Luiz Otávio. Luiz Otávio era poeta, com notável pendor para formas fixas, entre elas a quadra de sete sílabas, também chamada de TROVA, designação adotada por ele e seguida pelos seus apoiadores: em 1956 Luiz Otávio publica uma antologia com 2000 trovas chamada “Meus irmãos, os trovadores”, pela editora carioca “Vecchi”, dando início a uma espécie de movimento em torno da trova, com promoção de concursos e publicações de livros a partir de então, inclusive com o estabelecimento de uma entidade para os amantes da trova, a UBT (União Brasileira de Trovadores), que passa a funcionar no início de 1967 na cidade do Rio de Janeiro, na época Guanabara.

De lá pra cá, muitas águas rolaram, muita coisa aconteceu e a sociedade evoluiu. Surgiu a internet e, com ela, a possibilidade de democratização da informação como nunca antes teria sido possível.

Neste contexto surge o trabalho de José Ouverney. O site www.falandodetrova.com.br reúne informações no mínimo preciosas, entre elas biografias, fotos e produções poéticas dos trovadores (entendidos aqui como autores de trova, sem nenhuma semelhança com os trovadores medievais. Apenas o nome é o mesmo. E só.), regulamentos e resultados de concursos de trova, bem como um acervo com milhares de trovas de concursos já realizados no Brasil desde a década de 60! Também publica textos informativos e opinativos de interesse daqueles que militam na entidade.

Ainda nos tempos de Luiz Otávio, que veio a falecer em 1977, um trovador chamado Eno Teodoro Wanke (1929-2001) estabeleceu uma rotina de pesquisa sobre a trova, debruçando-se sobre livros e documentos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e do Gabinete Português de Leitura. O trabalho de Eno resultou em quatro livros seminais para quem gosta de trova (A trova, A trova popular, A trova literária e O trovismo), além de muitos textos esparsos. Eno, com muita justiça, ficou conhecido como o “historiador da trova”, dada a percuciência e o alcance de seu trabalho.

Eno faleceu em 2001, quando a Internet ainda engatinhava. O que teria feito se houvesse Internet no seu tempo?
Eu respondo:
Teria feito exatamente o que faz José Ouverney… José Ouverney é um novo Eno Teodoro Wanke: realiza um trabalho abrangente, eficiente e permanente… E, assim como Eno, Ouverney faz tudo sem nenhum apoio institucional: paga o domínio de seu próprio bolso e, embora receba colaborações esporádicas, todo o hercúleo trabalho de catalogação e publicação dos dados é por sua conta. E ainda consegue, paralelamente, divulgar a trova e formar trovadores pelas redes sociais, tendo iniciado um proveitoso trabalho nesse sentido na extinta rede social Orkut e continuado no atual facebook (escrevo estas palavras em abril de 2015).

O site “Falando de Trova” é uma preciosidade do trovismo. É o maior serviço que alguém já prestou para a Trova e para a UBT, mesmo que nem todos reconheçam. É um trabalho muito mais importante e relevante do que proferir palestras (muitas vezes repetitivas) ou exercer cargos de mando na entidade, porque o que faz é permanente e útil para todos, sem distinção entre “figurinhas” e “figurões”. É um trabalho de fôlego, com consistência, e feito absolutamente às expensas da generosidade e do idealismo do (s) seu (s) organizador (es), que não recebe (m) nada em troca pelo que faz (em).
Ouverney é verdadeiramente franciscano, mais do que muita gente que faz questão de ler a Oração da Paz nas chatíssimas reuniões da UBT, apenas como um ritual oco, e não segue nada daquelas palavras sublimes na sua vida.

O seu site é aberto e democrático, como jamais a entidade conseguiu ser. O seu site é tolerante e plural, aberto para todas as tendências e opiniões, como nunca foram os veículos oficiais da UBT. Ouverney publica coisas com as quais concorda e coisas com as quais discorda, sem jamais discriminar quem pense diferente dele ou agredir quem quer que seja por isso, como alguns dos caciques da entidade um dia já fizeram.

Ouverney, com o “Falando de Trova”, torna-se para o movimento da Trova alguém tão imprescindível quanto foi Eno Teodoro Wanke, ao construir uma ponte inquebrável entre o passado e o futuro da trova brasileira, algo que a entidade, cheia de caciques (alguns ferozes e autoritários) e de salamaleques, jamais foi capaz de fazer pela trova.

Fonte: http://blogdopedromello.blogspot.com.br/2015/04/wwwfalandodetrovacombr-10-anos-de-um.html

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